BLOG DO DR. HUGO
Recente publicação da revista científica "Head and Neck", o principal periódico mundial em cirurgia de cabeça e pescoço movimentou a comunidade especializada.
Foi abordado um dos assuntos mais discutidos na mídia e na comunidade científica específica: o tão falado HPV, ou papilomavírus humano, de transmissão via sexual. Os autores se incumbiram de sugerir algumas orientações aos especialistas. O vírus HPV chega a ser a causa do câncer de garganta (orofaringe) em até 70% dos pacientes, dependendo da população estudada. E os caminhos da prevenção estão se ampliando. A boa notícia a ser dada é que a vacinação contra o HPV parece estar ajudando a diminuir a prevalência do HPV ORAL dos tipos 16 e 18, os mais perigosos e relacionados ao câncer. No Brasil, o Ministério da Saúde iniciou em 2014 a vacinação do grupo de meninas de 11 a 13 anos de idade; em 2015 foca na faixa dos 9 aos 11 anos. A vacina também está disponível em clínicas de vacinação. Há muitas informações ainda em fase de pesquisa, mas já temos algumas conclusões iniciais e esclarecimentos: 1. O HPV é comum. Ele é transmitido via atividade sexual normal. Não é necessariamente um marcador de promiscuidade ou de comportamentos anormais. Entretanto, todo cuidado na proteção sexual continua recomendado. 2. A história natural da doença é que a maioria das pessoas rapidamente se livra da infecção oral pelo HPV em cerca de 1 ano. Apenas alguns poucos indivíduos persistem com o vírus e podem desenvolver doenças mais sérias. 3. O HPV geralmente é adquirido muitos anos antes de alguma alteração tecidual ou do câncer aparecer. Não se sabe ao certo quanto tempo leva para isso acontecer, mas o diagnóstico de um tumor de orofaringe associado ao HPV não significa aquisição recente do vírus. 4. As pesquisas sobre a vacinação contra o HPV estão ficando prontas e mostrando resultados promissores na prevenção das infecções. Um recente estudo da Organização Mundial de Saúde na Costa Rica apontou redução de mais de 90% na prevalência do vírus na cavidade oral das pessoas no grupo vacinado, comparado ao grupo não vacinado, em 4 anos. As novas tecnologias e conhecimentos científicos estão ajudando cada vez mais a manutenção da nossa saúde. Devemos utilizá-los com racionalidade. Ainda faltam estudos para validar a vacinação como método de prevenção ao câncer de orofaringe, mas atualmente caminhamos fortemente para esse novo horizonte de esperança. Acesse mais sobre a saúde da boca.
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AutorDr. Hugo Luz é médico cirurgião de cabeça e pescoço ingresso na USP em 1998. |